Arquitetura ousada de Safdie – O conceito do Habitat 67
março 24, 2015 em Cases, Tendências

Habitat 67, em Montreal (Canadá) – Crédito: Pixshark
É hora de ousar? De criar e projetar arquiteturas diferenciadas, totalmente fora dos padrões, em busca de construções que tragam mais benefícios à população? Nos últimos anos acompanhamos, na arquitetura residencial brasileira, um forte movimento na busca pela priorização das áreas comuns dos apartamentos, uma tendência que pode ser notada pela ampliação das varandas e a integração dos ambientes comuns das casas. É o suficiente? Ou apenas o início de uma revolução?
Para o renomado Moshe Safdie, arquiteto israelense responsável pelo incrível conceito do Habitat 67, já passamos da hora de renovar, de mudar a forma como enxergamos nossas casas instaladas nos grandes e povoados centros urbanos.
Em meio ao caos das grandes cidades é sim possível focar a qualidade de vida. Foi o que descobriu Safdie quando, ainda estudante na década de 60, recebeu uma bolsa de estudos para a Universidade McGill, em Montreal, Canadá. Ao estudar as moradias verticais tradicionais na América do Norte, o arquiteto chegou à uma conclusão: “temos de reinventar os prédios de apartamentos”.
Foi assim que nasceu o conceito do Habitat 67, uma solução experimental para prover qualidade às habitações residenciais de ambientes urbanos com alta densidade. O objetivo principal era conseguir agregar ao projeto de um arranha-céu todas as qualidades de uma casa do subúrbio: luz, sol, natureza e interação.
Em Montreal, o Habitat 67 foi construído como pavilhão para a Exposição Mundial de 1967. Está instalado no número 2.600 da Avenue Pierre-Dupuy, no cais Marc-Drouin, perto do rio São Lourenço. É, hoje, um dos pontos turísticos mais visitados do país, principalmente pela classe de arquitetos e designers. São, ao todo, 146 residências de diversas metragens e configurações, porém todas, sem exceção, são beneficiadas com ao menos um terraço privado.
O Habitat 67 foi apenas o início dos projetos conceituais de Safdie. Hoje, ele conta com um incrível portfólio de construções que garantem a qualidade de vida de seus moradores e também de seus entornos. Um dos pontos fortes das criações do israelense é a abertura do topo dos edifícios para que os prédios tenham mais contato com o ambiente externo.
Trabalhar novos formatos permeáveis, com jardins e espaços abertos à comunidade, está entre os focos do trabalho do arquiteto. Para ele, a qualidade de vida está em permitir que a luz possa permear em todos os ambientes, garantindo luminosidade natural. Uma de suas obras, atualmente em construção na China (Golden Dream Bay), vem sendo desenvolvida sob a regra de que todas as unidades devem receber um mínimo de três horas de luz solar por dia.

Marina Bay Sands, projeto de Safdie em Cingapura – Crédito: Wikipedia
Em uma palestra ministrada ao TED (clique AQUI para assistir), Safdie apresenta, com orgulho, um de seus projetos em Cingapura. O Marina Bay Sands Integrated Resort é digno de admiração. Com ares futuristas, a construção foi instalada em um local onde a densidade demográfica é similar à da capital paulista: cerca de 7,5 mil hab/km².
O prédio conta com ambientes internos e externos, passeios integrados, muito contato com a natureza e com a intensa vida de uma população que reside 100% em área urbana. Mas o grande destaque do Marina Bay está no topo. O Parque do Céu é um espaço de 10 mil metros quadrados que oferece ampla infraestrutura e visão 360 graus da cidade. Por lá é possível encontrar bons restaurantes, um museu de arte e ciência, teatros, cassinos, lojas, pistas de corrida e a maior piscina ao ar livre do mundo (são mais de 1,2 mil metros quadrados).

A enorme piscina no topo do empreendimento em Cingapura – Crédito: Site oficial Marina Bay Sands